sábado, 25 de fevereiro de 2012

A grande estrela - Clarice Lispector


“Eu disse uma vez que escrever é uma maldição.
Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade.”
Hoje repito:
É uma maldição, mas uma maldição que salva.

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, na pequena cidade de Tchetchelnik, em 10 de dezembro de 1920. Em 1922 sua família embarca para o Brasil, fugindo da perseguição aos judeus e dos conflitos da revolução russa. Aqui, Clarice viveu em Alagoas, Pernambuco, Pará, mas o cenário mais presente em sua obra é o Rio de Janeiro, para onde se mudou, em 1935, aos 14 anos. Foi na capital fluminense que se formou como escritora, com leituras na adolescência e amizades intelectuais na juventude. Depois que se casa, ela mora Itália, Suíça e Estados Unidos.  Mesmo durante os períodos em que viveu no exterior Clarice manteve-se ligada à cena cultural carioca e visitou a cidade com freqüência. Muitas de suas crônicas e contos descrevem tipos, paisagens e situações do Rio de Janeiro, onde morreu, em 1977. A escritora ocupa um lugar único na literatura brasileira, trinta e cinco anos depois de sua morte continua marcando gerações de leitores e novos escritores.

(Fonte: "Clarice Lispector - a hora da estrela", Centro Cultural Banco do Brasil. Curadores Ferreira Gullar e Julia Peregrino)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

90 anos da Semana de Arte Moderna


A Semana de Arte Moderna realizou-se de 11 a 18 de fevereiro de 1922, em São Paulo. Esse importante momento contou com a participação de artistas plásticos, escritores, arquitetos e músicos. Fizeram parte: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Villa-Lobos, Manoel Bandeira, Di Cavalcanti, dentre outros.

A Semana apresentou três festivais realizados no Theatro Municipal de São Paulo, com novas idéias artísticas: a nova poesia com a declamação de poemas; a nova música com concertos; a nova arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura. O “novo” tinha a intenção de instigar a curiosidade, de romper com os padrões estéticos da época. Mudar, essa era a palavra de ordem para a produção artística, que criava, assim, uma nova arte brasileira, em sintonia com as novas tendências européias. Essa era essencialmente a intenção dos modernistas. Entretanto, muitas das manifestações artísticas da “Semana” foram recebidas com vaias pela elite paulistana.

Para além dos ruídos da platéia, foi a ruidosa e ousada posição desse grupo de artistas, tomando o sentido contrário das práticas culturais dominantes no século XIX, que na concepção desse seleto grupo já estava, há muito, esgotada. O evento objetivou a ruptura com o passado, a renovação da linguagem e a busca de experimentação. Oportunizou a divulgação da arte vanguardista brasileira, além de estimular o ambiente artístico-cultural da cidade de São Paulo.

Era o ano do centenário da Independência, o país vivia um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas. O movimento modernista acentuou o redemoinho histórico, com linguagens artísticas liberadas das rígidas regras estéticas, nos tempos de uma política conservadora, que então, dominava o cenário brasileiro.

As idéias inseridas na Semana de Arte Moderna só foram adquirir sua real importância ao longo do tempo. Agora, 90 anos depois está consagrada como um dos movimentos culturais mais importantes realizados no Brasil.
                        http://www.infoescola.com/artes/semana-de-arte-moderna

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O grande poeta - Mario Quintana


Mario Quintana nasceu em Alegrete, dia 30 de julho de 1906 e, com 20 anos, vem morar em Porto Alegre. Morou no Hotel Majestic de 1968 a 1980.
Publicou mais de 20 livros, sem contar as antologias. O primeiro, aos 34 anos, “A Rua dos Cataventos”. O último, em 1990 “Velório sem Defunto”. Com Sapato Florido, Pé de Pilão, Caderno H, Esconderijos do tempo, Lili inventa o mundo, consagrou-se como poeta do cotidiano e lirismo, e um dos ícones da literatura brasileira.
Poeta, jornalista e tradutor, trabalhou nos Jornais O Estado do Rio Grande e no Correio do Povo (com sua coluna Caderno H). Como tradutor, notabilizou-se com sua impecável tradução de Proust. Traduziu a literatura européia, como Giovani Papini, Virginia Woolf, Voltaire, entre outros.
Morreu em 5 de maio de 1994, aos 87 anos, imortalizado pela Casa de Cultura que leva seu nome e, principalmente, pelo Quarto do Poeta, uma reconstituição fiel com móveis e objetos pessoais do escritor. (http://www.ccmq.com.br/o-poeta/)

Os Poemas 

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso 
nem porto; 
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes 
que o alimento deles já estava em ti ... 

        (Mario Quintana - Esconderijos do Tempo, Ed.Globo)