“Sonhar, Escrever e Viver” busca na observação das pequenas coisas elementos essenciais para nossa existência.
domingo, 16 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Nova Canção do Exílio
Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos
Ferreira Gullar
http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/ferreira-gullar-poemas/
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos
Ferreira Gullar
José
Ribamar Ferreira (São Luís MA 1930), pseudônimo Ferreira Gullar. Poeta,
dramaturgo, tradutor e crítico de artes plásticas. Filho do comerciante Newton
Ferreira e de Alzira Ribeiro Goulart, estuda no Colégio São Luiz de Gonzaga.
Aos 18 anos, trabalha como redator no Diário de São Luís, e um ano depois
publica seu primeiro livro, Um Pouco Acima do Chão. Em 1951, muda-se para o Rio de Janeiro, onde
trabalha como jornalista nas revistas O Cruzeiro, Manchete e no Jornal do
Brasil. Em 1954, publica o livro A Luta Corporal e conhece os poetas Augusto de
Campos (1931- ), Haroldo de Campos (1929-2003) e Décio Pignatari (1927- ). Gullar participa da fase inicial do movimento
concretista, inclusive da Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no
Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SPRJ, em 1956. No ano seguinte, rompe
com os poetas concretos após ler um artigo de Haroldo de Campos para o
Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, intitulado "Da psicologia da
composição à matemática da composição". Em resposta a esse texto, escreve
outro artigo, "Poesia Concreta: experiência fenomenológica",
publicado no mesmo jornal, em 1957. Gullar discorda do que considera um
racionalismo excessivo da Poesia Concreta e defende uma maior subjetividade, o
que resulta na criação do movimento neoconcreto, do qual participam artistas
plásticos como Hélio Oiticica (1937 - 1980), Lygia Clark (1920 - 1988) e poetas
como Reynaldo Jardim. O Manifesto Neoconcreto é publicado em 1959, no Jornal do
Brasil, e nesse mesmo ano é realizada a I Exposição Neoconcreta. As idéias do
movimento são expostas na Teoria do Não-Objeto, que Gullar também publica nesse
ano. No início da década de 1960, escreve poemas de cordel, como João Boa
Morte, Cabra Marcado pra Morrer, em que predomina uma linguagem referencial, de
conteúdo político. Em 1962, é eleito presidente do Centro Popular de Cultura -
CPC da União Nacional dos Estudantes (UNE) e dois anos depois filia-se ao
Partido Comunista Brasileiro. Com a decretação AI-5, em 1968, o poeta é preso,
juntamente com o jornalista Paulo Francis e os músicos Caetano Veloso e
Gilberto Gil. Obrigado a exilar-se em 1971, reside em cidades como Paris,
Moscou, Santiago, Lima e Buenos Aires, e envia artigos para o jornal O Pasquim.
Escreve no exílio o seu livro mais conhecido, o Poema Sujo (1976). Em 1977,
retorna ao Brasil, escreve para o teatro e a televisão. Três anos depois, é
publicada uma edição de sua poesia completa, com o título de Toda Poesia
(reeditada em 1999, com o acréscimo de obras recentes). Gullar é reconhecido
também como crítico de artes plásticas, tendo publicado vários títulos nessa
área, entre eles Sobre Arte (1983) e Etapas da Arte Contemporânea: do Cubismo à
Arte Neoconcreta (1998).
Ferreira
Gullar é considerado um dos maiores poetas brasileiros. Sua obra é marcada por
diferentes fases de pesquisa estética, desde o experimentalismo e o lirismo até
a poesia de cordel e a dicção coloquial. No livro A Luta Corporal, de 1954, por
exemplo, encontramos composições intimistas de forte musicalidade, na série
"Sete Poemas Portugueses", e ainda poemas em prosa, como a Carta ao
Inventor da Roda, peças concisas e substantivas que se aproximam de João Cabral
de Melo Neto, como Galo Galo e ainda textos experimentais que antecipam a
Poesia Concreta, pela espacialização das linhas na página, fragmentação da
palavra e criação de neologismos. Um bom exemplo da arquitetura poética desse
livro é o poema O Anjo: "O anjo, contido / em pedra / e silêncio, / me
esperava. // Olho-o, idêntico-o / tal se em profundo sigilo / de mim o
procurasse desde o início. // Me ilumino! todo / o existido / fora apenas a
preparação / deste encontro. // O anjo é grave / agora. / Começo a esperar a
morte" . Esta peça revela várias características da poesia inicial de
Gullar, como a síntese verbal, a geometria, a mescla de termos concretos e
abstratos (como a pedra e o silêncio) e a expressão subjetiva. No último poema
do volume, sem título, Gullar radicaliza a disposição espacial das linhas na
página, buscando dar uma dimensão plástica ao texto, ao mesmo tempo em que
pulveriza as palavras em sílabas e cria termos abstratos escritos em letras
maiúsculas como "URR VERÕENS / ÔR / TUFUNS / LERR DESVÉSLEZ VÁRZENS".
Fonte:
sábado, 1 de setembro de 2012
A Bailarina
Esta menina
1953 - Agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi. Em Délhi - Índia.
1962 - Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
1963 - Ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Em 1965, após a sua morte e reconhecida e agraciada com o prêmio "Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.
Fontes:
http://meirelescecilia.blogspot.com.br/
http://elfikurten.blogspot.com.br/2011/02/cecilia-meireles-poetiza-educadora.html
tão pequenina
quer ser bailarina.
—
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
—
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
—-
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
Cecília Meireles
Cecília
Benevides
de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901,
na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do
casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando
ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta
Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
Conclui
seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá,
ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro,
medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor".
Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em
1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo
Distrito Federal.
Dois
anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias,
"Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas",
em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.
Em
1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o
Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco,
no bairro de Botafogo.
Ganha inúmeros prêmios entre eles: A
concessão do Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras,
ao seu livro Viagem,
em 1939, resultou de animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade
de sua poesia.
1953 - Agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi. Em Délhi - Índia.
1962 - Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
1963 - Ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Em 1965, após a sua morte e reconhecida e agraciada com o prêmio "Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.
Fontes:
http://meirelescecilia.blogspot.com.br/
http://elfikurten.blogspot.com.br/2011/02/cecilia-meireles-poetiza-educadora.html
Foto de balé com Alunos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil - Bernadéte Schatz Costa
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