terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cora Coralina



Poeta, não é somente o que escreve.

É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso. 

Cora Coralina foi o pseudônimo escolhido por Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas para um assombroso talento com as letras e para a autoria de uma poesia autêntica e cristalina, essa valente e incansável senhora, doceira de mão cheia, que só veio a publicar seu primeiro livro (Poemas dos Becos de Goiás) aos 76 anos de idade e que colocou os horizontes de sua cidade, pela primeira vez, nas mais importantes páginas de crítica literária.
Nascida em 1889, na então Goiás Velha, onde faleceu em 1985, Cora Coralina, ou Aninha como era conhecida, viveu seu destino provinciano e humilde, cuidando das tarefas domésticas, de quatro filhos e dos tachos de doces e confeitos, mas também escrevia poemas e estórias da sua Goiás, desde os 14 anos.
Produziu uma literatura  fascinante, humanista, sensível e atenta, dona da sabedoria dos que dão mais valor à “mãos fecundas, laboriosas e jamais ociosas”, do que à vãs preocupações intelectuais. Tornou-se conhecida pelo País muito pela admiração que Carlos Drummond de Andrade rendia à poesia dessa talentosa “mulher operária, mulher sertaneja, livre, turbulenta, cultivadamente rude, inserida na gleba, mulher terra…” como ela mesma se descreveu em um de seus versos. (http://vilamundo.org.br/2010/08/a-mesa-com-cora-coralina-e-heloisa-bacellar/)
Assim eu vejo a vida



A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
 O poema acima, inédito em livro, foi publicado pelo jornal "Folha de São Paulo" — caderno "Folha Ilustrada", edição de 04/07/2001 

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